Terça-feira, 10 de Março de 2009

Domingo, 15 de Março, 13h

No próximo Domingo, dia 15 de Março, A História Devida recebe a jornalista e copydesk Rita Pimenta para uma conversa que parte de uma das histórias que já faz parte da história do programa, passa pelas experiências de uma família numerosa  e por alguns textos extraordinários da literatura infanto-juvenil e segue os relatos de uma jornalista que começou por ser ouvinte d'A História Devida e acabou por integrar a nossa equipa - tudo  , claro, acompanhado pelas canções escolhidas pela Rita.

Para conhecerem o trabalho e o percurso da nossa convidada, nada melhor do que  lerem esta espécie de autobiografia: «Nasci em Luanda, a 19 de Julho de 1966 (embora no BI esteja registada a 1 de Agosto do mesmo ano). Sou a décima filha (e última) de um casal de madeirenses. A minha família regressou a Portugal um mês depois de eu ter nascido, pelo que não conheço a "minha terra". Só me lembro de existir já em Setúbal, cidade onde continuo a morar. Os meus pais (a Maria e o Pimenta) tiveram oito raparigas e dois rapazes. Nunca coexistimos os dez, pois quatro morreram. Dois deles bebés, uma em criança e uma outra com 17 anos. Foi a primeira filha dos meus pais e a única que conheci, chamava-se Ana. Os nomes dos restantes falecidos foram "retomados" nos nascimentos seguintes. Ou seja, antes de mim houve outra Rita, mas também uma outra Isabel e um outro António. Como este procedimento me pareceu sempre um pouco mórbido, um dia perguntei à minha mãe o motivo desta espécie de "reposição de stocks". Seria falta de imaginação para nomes? Explicou-me então que se tratava de "ajustes de contas com Deus". Comuns na Madeira. "Levaste-me uma Rita? Pois já tenho aqui outra." *** Gostei muito de ir para a escola (fui aos seis anos para a primária, 1972), embora no primeiro dia de aulas tenha sido convidada a ir para a rua porque estava a assobiar. O meu irmão tinha-me ensinado a habilidade na véspera e eu estava alegremente a treinar. Mas a minha professora era espectacular (Dona Maria Inês, era assim que a tratávamos), cantava, dançava, motivava-nos imenso e levava-nos a passear. Ensinava bem e valorizava os nossos resultados. Estou certa de que fui boa aluna por causa dela. Tive algumas hesitações (no secundário) na escolha das áreas específicas de estudo a seguir (embora sempre ligadas às ciências). (...) Depois fui para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Clássica) estudar Geografia. Apanhei o curso em reestruturação e fiz duas variantes, uma em Planeamento Regional e outra via Ensino. Só não fiquei com duas licenciaturas porque não fiz o estágio profissional no ensino. Já estava no Público e não era possível conciliar as duas coisas. Aproveitei para fazer mais umas cadeiras extracurriculares que me interessavam porque eram dadas por professores muito bons. Logo a seguir frequentei, na mesma Faculdade, o curso de Filosofia (variante de Filosofia da Ciência). Não o concluí porque surgiu no Departamento de Linguística (continuamos na Faculdade de Letras) uma Especialização em Técnicas Editoriais que me pareceu adequada a quem tinha "caído de pára-quedas" no mundo das letras impressas. Foi muito interessante, sobretudo pela quantidade e qualidade de editores de livros que eram "alunos", mas que sabiam imenso. Ensinaram-me bastante. Alguns professores, também. Pensei em retomar depois o curso de Filosofia, mas quis ser mãe antes. Quando o Artur tinha dois anos, fui bolseira da Universidade Lusófona num curso de Escrita Literária, orientado por Luísa Costa Gomes. A Filosofia continuou à espera... Mas eu voltarei, gosto muito de andar na escola. *** Fui parar ao Público porque tive um colega em Geografia, Rui Jorge Cruz, com quem fiz alguns trabalhos de grupo ao longo de um ano lectivo. Ele na altura ainda estava no Expresso. Um ano depois, telefona-me a perguntar se eu queria fazer uns testes para copydesk do Público. O jornal tinha começado a sair dois meses antes. Eu não sabia o que era um copydesk, mas ele estava convencido de que eu tinha perfil e agradava-lhe a minha prosa.(...) Lá fui fazer os testes para o Público, à Quinta do Lambert, e não me saí mal. Fiquei. Pensei que seria provisório, mas continuo a ser copydesk no Público. Embora agora faça o controlo de qualidade da revista Pública e não do Primeiro Caderno, como antes. Uns tempos depois (há cerca de 12 anos) comecei a escrever (de vez em quando) sobre livros para crianças e jovens. Quando o suplemento Mil Folhas passou a ser editado pela Isabel Coutinho, criámos então uma rubrica mensal dedicada ao infanto-juvenil, com o nome (de que gosto muito) Letra pequena. Quando acabou o Mil Folhas, esta rubrica passou para a Pública, com periodicidade quinzenal. No Verão passado, foi extinta (na mesma altura em que terminou A História Devida na Pública). Em Outubro, criei então um blogue com o mesmo nome, Letra pequena. Tive de acrescentar ao endereço a palavra online porque já havia um registo, embora de um blogue morto (por assim dizer...). Aos sábados assino uma coluna sobre livros na página Crianças, integrada num roteiro de espectáculos e actividades para a família (da responsabilidade de Helena Melo). Às vezes, quando é preciso ou quando há um tema que me interesse e há possibilidade de arranjar "tempo de antena", escrevo sobre outras coisas. Exemplos: confraria do Moscatel de Setúbal, lipoaspiração sem cirurgia, Lego, passeios no Tejo, etc. Fora do jornal, vou começar em breve a colaborar com a rede Portugal Net (PNET), criando um site para crianças até aos 12 anos — O PNET Palavrinhas. O blogue Letra pequena já é, no entanto, um blogue convidado do PNETLiteratura. ***  A história da escrita da história (passe o pleonasmo) À procura de macas de casal: No dia seguinte ao que se encontra descrito no texto que vos enviei, contei a algumas pessoas (próximas) o que se tinha passado. Todas elas se riam e, ao mesmo tempo, comoviam com o episódio. Durante algum tempo, iam-me perguntando como iam as coisas com os meus pais. Uns meses mais tarde, depois de o meu pai já ter morrido, uma colega que estagiou nos copydesks quando eu era coordenadora e de quem me tornei amiga (Luísa Vasconcelos), disse-me que de vez em quando se lembrava do que lhe tinha contado e que achava que eu devia escrever sobre aquele dia, pois era uma história de amor muito bonita. É claro que eu disse logo que não, que isso só interessava à família e aos amigos e que estas coisas não se contam a toda a gente e que me iria sentir mal e que não queria estar a expor a minha mãe e que... e que... e que... Nesse dia à noite, ao voltar para Setúbal, ia, como era hábito, a escutar A História Devida. De repente, a escrita daquele episódio pareceu-me, afinal, uma possibilidade. Pensei que poderia oferecer a história à minha família no dia de aniversário da minha mãe. Não precisava de dizer o nosso apelido. Quem sabia sabia; quem não sabia não ficava a saber. E assim aconteceu. A história só não foi para o ar exactamente no dia em que a minha mãe fazia 80 anos porque calhava num fim-de-semana. Foi na véspera. Às manas, apenas disse que ligassem a Antena às 17h20, no dia 27 de Outubro. Nem todas conseguiram escutar, mas as que conseguiram telefonaram-me, logo a seguir, para o jornal. A minha sobrinha mais velha também. Entre choros, elogios e "insultos", houve consenso. Gostaram. Eu também. Mas o som inicial da gravação com as ambulâncias foi terrível para mim. Por segundos arrependi-me. Só por segundos. ***   Quando enviei a história para o programa, fi-lo através do meu e-mail pessoal e não através do do Público, pois não queria influenciar o destinatário. Só depois do encontro no Tivoli, em Lisboa (de onde tive de "fugir" porque fiquei atrapalhada por ouvir a história "ao vivo" e por o meu filho me obrigar a identificar-me como autora), enviei uma mensagem a "denunciar-me" como jornalista do Público. Achei que resultava divulgar algumas histórias na revista de domingo. A parceria correu muito bem, tanto com a Inês Fonseca Santos como com o Gémeo Luís. A minha maior dificuldade foi a de cortar os textos quando era imperioso por questões de espaço e de respiração da imagem. Habituada a fazê-lo, sem problemas de maior, em textos noticiosos, sentia-me um pouco incomodada por ter de eliminar detalhes ou adjectivos que poderiam significar bastante para quem tinha escrito as histórias devidas. Se alguns textos terão saído até beneficiados em termos de ritmo, outros nem tanto. Gostava que os autores que viram os seus textos amputados ficassem a saber que entrei neles com a cerimónia própria de quem entra em casa alheia e tentei ter sempre presente que se tratavam de textos importantes para quem os escreveu.»


Nesta emissão d'A História Devida, para além de «À procura de macas de casal», a história da Rita Pimenta (música: «Petites gouttes d'eau», Tindersitcks), podem ouvir:

- «Em duplicado», de Carlos Rosa (Porto)
. música: «Motor Mentol», Mikado Lab (álbum: Baligo)

- «Bruna», de Inês Antunes
. música: «Camions», Tindersticks (álbum: Nenette et Boni)

- «História de um rádio», de João Rato
. música: «Never so deep»,
Mikado Lab (álbum: Baligo)

Os temas escolhidos pela Rita Pimenta são:

. «Canon and Gigue for 3 violins & continuo in D Major», Pachelbel
. «We are family», Sister Sledge (álbum: We are family)
. «Comptine d'une autre été», Yann Tiersen (álbum: banda sonora do filme «O fabuloso destino de Amélie Poulain»)


E quanto às sugestões que vos deixamos:

- Rita Pimenta: Eu Espero..., de Davide Cali e Serge Bloch; (Bruaá: http://www.bruaa.pt/livros.htm)

- Miguel Guilherme:

- Inês Fonseca Santos: O Fim de Lizzie
, de Ana Teresa Pereira (Cotovia: http://www.livroscotovia.pt/livros/bi/ofimdelizzie.html) + Letra Pequena, o blogue da Rita Pimenta: letrapequenaonline.blogspot.com

Boas histórias!

Publicado por Produções Fictícias às 09:50
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1 comentário:
De Augusto Küttner de Magalhães a 10 de Março de 2009 às 17:57
A Laurinda Alves já não é a 22 Março? Avisem-na para rectificar no blog!!!!!!

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